domingo, 6 de janeiro de 2013

Variações...




Variações

                                         Algumas vezes caminhamos de salto alto, mesmo estando diante de alguns tropeços, revezes e decepções e mesmo assim sempre poderemos enxergar um caminho, uma luz ou uma saída. O amor e a inocência podem nos conduzir a lugares incríveis, dentro de nós mesmos. Ou quem sabe, simplesmente nos apegar a um dedinho de esperança, para acreditar que sempre haverá - é certo o passado e o futuro – mas o presente é que realmente importa. 
A liberdade está em nossa frente, no mar, no vento, no tempo.. nas páginas de um livro em que viajamos para onde bem desejarmos, da dança, nos sonhos. A liberdade está em escolhermos um caminho de flores azuis, verdes e esperança. A liberdade está em nós, na inocência do instante, na brincadeira da criança, nas conversas sem compromisso das meninas levadas.  Escrevo, escrevo em busca de uma liberdade que insiste em se manter nas entrelinhas dos meus pensamentos, nos segredos do meu olhar sobre o mundo. Escrevo porque é  mais caprichoso que falar ou outra forma de tocar.
Caminho perdida em fatos e frases que chegam ao meu pensamento com a rapidez do piscar. Não dou conta de transcrever o que se passa em mim. Carrego flores e balaios de sentimentos aos montes e sempre encontro uma forma leve de transportar, de transferir sem me sufocar com a sensação de extravasar.  As palavras chegam a mim como água que vem para regar os caminhos ressequidos pelo tempo, pelo esquecimento. Nestes caminhos brotam sementes de esperança de que um dia toda a enxurrada de emoções que eu conseguir transcrever mantenha para sempre úmido e fértil meus campos e sentimentos. A leveza do que era seco e rígido poderá então ser novamente transformada em luz, esperanças, companheirismo e interiorização do ser único que sou e que me tornei.

O amor que penso e que não escrevo é o amor contemplativo. O amor do olhar além do egoísmo, do olhar além de nos mesmos. O amor que é simbolizado pela essência da flor. Embelezado pelo seu néctar mais sutil. O amor que só as borboletas, seres transformadores e efêmeros podem descobrir, sentir e amar.
O amor é livre para transformar e não para moldar.

 (Alice Ventura - Variações/2013)



quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

De tudo que eu fiz...




Existem coisas que vi e coisas que fiz.
Já fiz várias coisas em minha vida. Já fiz flores, fiz vasos, fiz arte, fiz filhos, fiz amor (e ainda faço), fiz feira, fiz cartazes, fiz história, fiz rir e fiz chorar, fiz caras e bocas, fiz charme, me fiz de difícil, fiz viagens reais e outras astrais, fiz excursões, fiz exames e examinei situações, fiz exercícios, fiz o dever de casa, fiz bobagens, fiz cócegas, fiz feliz e fui feliz, fiz músicas, letras e sons, fiz amigos e até alguns desafetos - fazer o que? Fiz trilha, fiz instantes, fiz momentos e fiz lenda, fiz tudo e nada do que fiz foi feito à toa, fiz por que quis, fiz por fazer, fiz aparecer, me fiz sumir, fiz verão, outono e inverno e faço primaveras, fiz de tudo um pouco e muito pouco do que há para ser feito, fiz prece, oração e promessas, fiz muito por amor, fiz por gratidão e fiz por solidão, fiz coisas do arco da velha e fiz acontecer agora, fiz encanto e causei espanto, do tudo e do nada, fiz até macarronada, fiz com salada e fui amada.
Se me perguntar o que ainda não fiz direi que de tudo que fiz foi o caminho que escolhi para fazer o que me resta. E o que me resta não é resto. O que me resta é uma vida que farei com tudo que aprendi até aqui e aprenderei por ai....
Da macarronada, não sobrou nada e da estrada? Bem é mais light e leve ser salada. Tempere a vida com amor e sabedoria, regue com alegria e faça. Faça sua trilha, sua história, siga seu rumo!





Todo o sentimento - Oswaldo Montenegro