sábado, 6 de julho de 2013

Lar-doce-lar (Home Sweet Home)





Há alguns anos se me perguntassem o que significava um lar eu, prontamente, responderia que lar nada mais é que a casa que moramos. Casa e lar qual seria a diferença ou semelhança?

Hoje penso que lar é muito mais que uma casa. Casa é feita de paredes, cômodos, espaços e pode ser sua ou não. Você apenas mora nela.

Lar é muito mais que paredes e um espaço para acomodar uma pessoa depois de um dia de trabalho.
Lar é um espaço especial. Porque é no seu lar que você busca harmonia. Busca refúgio e paz ao final de um dia. Compreendo que em um lar os fatos e acontecimentos ficam marcados, cravados além das suas paredes. Minha percepção é como se um lar tivesse alma, sentimentos. Uma casa seria apenas um corpo, um lugar ao sol necessário, mas substituível. O lar não, esse deve ir junto com cada pessoa onde quer que ela vá.

No lar que descrevo sob minha visão atual é de alma mesmo. Tem um coração, pulso e ele tem vida.

Olho ao redor e vejo além do que os meus olhos podem enxergar.
Fecho os olhos e me deixo levar:  Ouço o som de tantos parabéns cantados nos vários aniversários celebrados e comemorados com alegria; sinto o aroma dos perus de alguns Natais; escuto o som das ventanias; ouço as risadas e gritos dos tantos jogos que torcemos; ao longe ouço o burburinho dos amigos que nos visitaram e conversavam cada um sobre uma coisa e todos ao mesmo tempo; lembro-me do sentimento de alegria ao chegar na varanda e contemplar os vários por-do-sol  no horizonte, a delícia da brisa do mar que sempre acariciava meu rosto, enxugava meu suor quando chegava de uma caminhada.... Olhar ao redor é me lembrar de momentos tristes também, discussões, quedas do meu bebê, ausência de minha filha, lembranças das conversas de d. Nide, etc.

Ainda tem a nostalgia pelas músicas cantadas e dançadas ao som máximo. O cheiro das comidinhas elaboradas na minha cozinha. A felicidade de ter os vãos espaçosos onde  Dante aprendeu a andar, caminhar, andar de bicicleta, correr, sorrir e cair...As lembranças vão até os cantos que hoje percebo que tem o meu jeito, meu toque e que imprimem meu modo de ver e sentir um lar. Cores e flores, quadros alegres e claridade. Fotografias...

Não sou apegada as coisas e bens materiais. Sei que não sou. Mas o meu olhar hoje com relação ao meu lar não é o mesmo de antes. Não é uma saudade do bem em si, mas das vivências, das recordações, das emoções...
Estou em uma fase em que me sinto como um viajante mochileiro. Aquele que viaja para dentro de si mesmo.
Sinto me procurando as coisas que irei levar na mochila para a vida, organizando e separando o que vou levar para sempre, sabendo hoje, que para sempre é muito tempo.

Esse olhar ao lar é uma  forma de encher minha mochila com todos os sentimentos bons, lembranças de um determinado tempo e de vários momentos. Cada dia que passo aqui toco aos poucos os lugares, as paredes, os cantos como se fosse possível  transferirem algo além do que vejo...

Nessa viagem o desapego está sendo trabalhado aos poucos. Desapego emocional.
Não quero me livrar de nada, vou apenas organizar melhor cada coisa no seu lugar.

Lar-doce -lar. 
Qualquer casa pode se transformar em um, você só precisa levar o que significa lar para você, encher outros espaços vazios e ser feliz.

Música que ouço: Tears in Heaven
(...)
I'll find my way
Through night and day
'Cause I know I just can't stay
Here in Heaven

Time can bring you down
Time can bend your knees
Time can break your heart
Have you begging please
Begging please

Beyond the door
There's peace
I'm sure
And I know there'll be no more
Tears in Heaven

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