quinta-feira, 22 de junho de 2023

Um senhor ensolarado


 Buenos Aires - 2022

E então, enquanto eu me deliciava com a majestade daquela árvore gigantesca, senti uma presença suave ao meu lado. Era o senhor argentino. Ele havia se aproximado com passos lentos e sorriso acolhedor.

 "Essa árvore é realmente magnífica, não é mesmo?" - disse ele, com uma voz que parecia carregar histórias e experiências de vida.

 Fiquei surpresa com a sua abordagem amigável e sua capacidade de enxergar a beleza nas pequenas coisas ao redor. E assim, sem pressa, começamos a conversar sobre as sutilezas do mundo. Ele compartilhava comigo sua sabedoria e perspectivas únicas sobre a vida.

 Enquanto o sol subia no céu, suas palavras me envolviam como um abraço caloroso. Ele me contou sobre as histórias escondidas nas ruas de Buenos Aires, sobre as cores vibrantes que pintavam a cidade, sobre a paixão e o tango que fluíam pelas veias de seu povo.

 À medida que nossa conversa fluía, eu percebia que aquele encontro não era mera coincidência. Era um momento mágico, uma conexão especial que transcendia as barreiras culturais e linguísticas.

 O senhor argentino me ensinou a enxergar além das aparências, a capturar não apenas imagens, mas também emoções e memórias. Ele me mostrou que cada foto que tiramos é um fragmento de uma história que merece ser contada, uma forma de eternizar instantes efêmeros.

 E assim, naquela praça encantadora da Recoleta, entre risos e reflexões, eu descobri que a verdadeira magia da fotografia não está apenas na técnica ou na composição perfeita, mas sim na capacidade de nos conectar com as pessoas e com o mundo ao nosso redor.

 Despedimo-nos com um sentimento de gratidão mútua. Aquele encontro deixou uma marca indelével em minha alma, uma lembrança que carrego com carinho em cada clique da minha câmera.

 Desde então, aprendi a enxergar a beleza nos detalhes cotidianos, a capturar a essência das pessoas e lugares que encontro pelo caminho. E sempre que revejo as fotos daquele dia, lembro-me do senhor argentino e das preciosas lições que ele me ensinou.





Meu silêncio




 O meu silêncio é um alvoroço, mudo.

Quando me olham distraídos, passo despercebida. Aqueles que me enxergam, não me compreendem.

A menos que sejam atentos e interessados, não conseguem imaginar a turbulência de pensamentos que me rodeiam, aprisionados em minha mente. Desconhecem a quantidade de sentimentos que rumino, não digiro, palavras não proferidas, apenas sons que se perdem no vazio, sem ecoar ou reverberar.

Sou uma espécie comum em extinção. Sinto, sinto profundamente, mas me calo. Não reajo, não me envolvo, e não discordo daquilo com o qual não concordo. Mas concordo em me calar, me silenciar e me proteger.

Sou como um vulcão adormecido, por onde transitam os desinformados, acreditando na erupção a cada milênio, sem nunca supor que estou sempre borbulhando, nunca adormeço, e nem mesmo eu saberia dizer quando os estrondos e lavas seriam despejados no ar, no mar, na vida. Sou uma incógnita decifrável. Sou esse vulcão de fogo e calor. Sou a erupção adormecida e constante. Sou aquela que se descobre, que se revela, não aquela que é previsível e calma. Calma? Jamais.

Sou intensa, mas ninguém sabe. Não expresso, não me divulgo. Não me espalho como panfletos ao vento. Valorizo meus sentimentos, agora, já não fui assim antes. Eu os dedicava àqueles que acreditava amar. O amor ainda reside em formas e frases despretensiosas dentro de mim, e às vezes, por serem tão despretensiosas, escapam e vagueiam em pousos instáveis e inseguros. Pousos soltos, desordenados.

Alice Ventura.2023


quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Viajar com as amigas, destino BUENOS AIRES

 




Sabe quando você  não planeja nada e tudo acontece?
Foi assim que fui conhecer em setembro de 2022 a Argentina, ou melhor Buenos Aires.
Sinceramente, não era uma das cidades que estava nos meus roteiros de próximas viagens, e nem sei se  estaria tão cedo. Mas de repente, chegou o convite: VAMOS PARA BUENOS AIRES celebrar o meu aniversário? Me perguntou uma amiga querida e de longas datas...
A principio relutei, afinal nem de férias eu estava, mas depois de ver ela me pedindo para acompanhá-la  na celebração dos seus 65 anos, que seria emblemático, marcante e porque não dizer inesquecível me convenci. E resolvi ir também. Só precisaria de que? DE TUDO!! 
Aproveitei para convidar outra amiga, Rita . Começamos a nos organizar. Falei com meu chefe, fiz banco de horas para compensar a ausência de 7 dias e começamos a nos planejar. 
Várias pesquisas sobre a cidade,  o que fazer, os preços, hospedagens, onde trocar os pesos, etc...
E graças a Deus deu tudo certo e lá fomos nós para essa aventura.

Fiz um roteiro para nos guiarmos por lá, mas quem disse que funcionou... cada dia era uma nova aventura e incertezas de programação. Até para ao Uruguai embarcamos e que viagem essa...

Na bagagem de volta muitas lembranças boas, muitas risadas, muita amizade e companheirismo.
A certeza de que fiz bem em aceitar o convite. A felicidade de poder desfrutar desses momentos ao lado de pessoas incríveis que amo e considero.

Abaixo vou deixar umas fotos dessa viagem inesquecível que mais uma vez reforçou em mim a importância das amizades saudáveis, companheiras, mulheres onde preservamos o amor e o respeito pelas diferenças.
Amei a viagem, amei estar com todas elas: Lucinha, Norminha, Rita e Nete.



















sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Sobre o amor...




 É sobre o amor. 

O amor que brota dentro do peito como o florescer de uma flor, cada dia mais forte, mais significante, mais emblemático, mais tangível. È um amor maternal sim, eu sinto.

Não tem a ver com um tipo de amor diferente. Um amor de vó. É amor. na mais pura essência da palavra. Um amor por um serzinho tão pequenino, tão frágil, tão indefeso e que necessita tanto de nós para tudo.

Amar é ver esse ser se desenvolvendo, é acompanhar cada pequena evolução, cada pequeno gesto diferenciado de ontem, de um mês atrás . Amar e poder estar junto, isso não tem preço. Amar e poder tomar um delicioso banho de chuveiro cheio de graças e de gargalhadas. Perceber o quanto se ama cada pequena dobrinha. Cada olhar que se cruza e que um lindo sorriso banguelinho se abre. é sentir que já somos reconhecidos. Seja pelo som da voz, pelo cheiro, pelo tocar. Quando nossos olhos se cruzam sinto todo o amor que emana dele para mim. Eu sou aquela que vai chegar, que vai fazer barulho, que vai fazer graça para extrair o sorriso babado... que vai fazer aviãozinho com ele nas pernas, que vai sacudir e sacudir até cansar.... Vovó é aquela que admira minhas pequenas conquistas. Assim quero ser lembrada por ele, por esse meu descendente de amor. Gerado pelo meu fruto, concebido com amor e recebido com uma enxurrada de felicidade.
Que bom que o momento que você chegou foi de calmaria para sua vó, que ela pode curtir a noticia e a chegada, que pode estar presente lá nas terras lusitanas onde sua mãe escolheu para você nascer. Que bom meu pequeno que pude estar por perto, perto da ansiedade de sua mãe, perto do ciumento do seu tio e perto do seu pai, pessoa totalmente nova ao nosso aconchego, mas que se mostrou presente e próximo como bem deveria ser. 
Que bom que sua chegada não gerou uma enorme preocupação .... que bom que sua mãe escolheu ser sua mãe. 
Aos poucos meu anjo vai percebendo que em torno de você só o amor prevalece. A alegria da bisa em te conhecer e em reconhecer um pouco de tua mãe em seu comportamento. Isso acalanta o peito dela da saudade da infância de sua mãe que foi ao lado dela por um bom tempo. Sei exatamente como ela se sente, meio vó, meio bisa e meio mãe. Assim, somos todas nós.

O amor faz isso com a gente Breno... nos faz rir, faz chorar e nos faz sentir. e hoje eu sinto que sou uma mulher abençoada e que por mais que a minha vida tenha sido com alguns percalços, a felicidade sempre bate à minha porta e a mais recente foi a sua chegada.

Sinto que através do amor que sinto por você, sua mãe passe a compreender o tamanho do amor que minha mãe sentiu por ela quando ela nasceu, a primeira netinha e que aos poucos ela sinta que foi recebida assim como vc cheia de amor e cuidados...e que sempre foi foi meu bebê lindo.

Ser mãe é uma dádiva inenarrável. Ser vó, idem.
Com amor de sempre, para sempre e incondicionalmente.

Vó Márcia

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Porto - Portugal













 

Pedaços de mim






Pedacinhos de nós mesmos em outros corpos. Assim vamos frutificando o mundo e nossa passagem por aqui. Não, não me basta ser mãe e ter colocado no mundo uma sementinha. Essa sementinha cresceu, floriu e se multiplicou me concedendo mais um pedacinho de mim por ai... pela vida.

Agora sinto que estou perpetuada pelo menos por um século a mais.... tenho filhos, menina e menino, de deles vários frutos hão de surgir...e serei lembrada por ser mãe de alguém, vó de alguém, quem sabe bisavó, tataravó.... e assim vou deixando minha marca nesse mundo.

Serei lembrada, trarei recordações, citações. É como escrever um livro, plantar uma árvore, só agora entendi o sentido real dessa máxima de vida " tenha um filho, plante uma árvore e escreva um livro" e jamais será esquecido ou ter vivido em vão.

Este é o pequeno Breno, sim meu primeiro neto.

Apresento aqui neste mesmo Blog que comecei antes de completar 40 anos e que agora aos 53 tantas coisas já me ocorreram... 

Aos 38 eu só tinha uma filha de 18 e jamais imagina ter outro filho. Mas tive, aos 40 e agora 13 anos depois um neto!!!!

Só tenho o que agradecer, felicidade em dose tripla!!!


Hoje não estou muito boa com as palavras, na verdade estou cansada... Mas aproveitei para deixar aqui neste meu Blog... tão esquecidinho um registro importante da minha existência.


Breno Santos

13/12/2021 (segunda-feira) 13h

Nasceu em Porto, Portugal para nossa felicidade.



segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Lavando a alma


Cai a chuva sobre mim.

Ah se ela pudesse lavar e levar embora toda tristeza que invade meu coração.

Se essa água que purifica limpasse todos os meus pensamentos de revolta e injustiças...

Como desejaria um mergulho em águas puras, como desejaria um novo batismo de purificação.

Desejos de descansar a minha mente. Descansar meu cérebro  de tantos pensamentos recorrentes ...

O sono já não me tranquiliza.

A diversão com amigos não me relaxa...

Vivo sob tensão, vivo sobressaltada com medo de uma mensagem, de um telefonema e uma notícia triste.... ou desagradável.

Minha vida esta sedimentada sobre camadas e camadas de assuntos pendentes.

Procuro  abstrair...

Sobreviver.

São alguns anos de provações, testes, resignação,, gratidão, paciência, compaixão, solidariedade, responsabilidade e tantas outras ações que me consomem...

Tento renovar a minha fé.

Procuro incansavelmente formulas mágicas para me manter de pé, erguida em meu eixo de sustentação.

Sustento tantas expectativas, tantas inseguranças e decisões alheias às minhas escolhas...

E quem é meu eixo senão Deus!

É Nele que me sustento para seguir. Procurando não lamentar, não questionar e nem blasfemar...

Mas confesso, ao longo dos anos fica pesado... fica quase insustentável....

Perdi muitas coisas, perdi pessoas amadas, perdi a esperança, perdi a paciência muitas vezes ( mas controlei), perdi a tolerância em algumas circunstâncias...

Acho que perdi a capacidade de sonhar... de amar, de me apaixonar...

A única coisa que ganhei ao longo dos últimos anos foi experiência. E essa é que me torna fria diante dos olhares alheios, a  minha falta de capacidade de me indignar... e isso me assusta.

Não me surpreendo.

Não crio expectativas.

Não sonho...

Vivo minha vida como se estivesse controlando um dia de cada vez e administrando os riscos.

Virei uma empresa.

Não posso falir.

Não posso falhar.

Preciso arcar com todas, todas as responsabilidades minhas e das demais pessoas que me cercam e que por vezes não se preocupam com elas mesmas... Não consigo ser indiferente. Não sei negar apoio, amor e compaixão... e a conta chega... e quem paga? 

Enfim, sigo exausta.

Sigo sozinha.

Mas a certeza que tenho diante de tudo que tenho passado...e só eu sei o que tenho passado...ninguém mais precisa saber....a única certeza é que nada, absolutamente nada abala a minha fé em Deus!!!!

Creio fielmente que tudo tem uma razão para ser...

E serei.. o que tiver que ser nessa minha passagem por aqui...

Seguirei fiel aos meus valores e crenças  as mesmas que me sustentam e me reforçam a não desistir nunca...

Porque tenho milhões de bênçãos, varias razões para ser grata e por tudo isso....

Me jogarei sempre debaixo da chuva.... na certeza que um dia... essa tempestade vai passar...


By me





 

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Esperança


 


Renovando minha esperança na vida.

Minha alegria interna para superar as dores na alma.

Minha fé em Deus 

Me permite seguir em frente

Mesmo com os percalços 

Mesmo com os reflexos da ações e atitudes alheias.

Sigo feliz e contente porque tenho fé!

Tenho fé em Deus que tudo vai ficar bem!


" Seja feita a vossa vontade" 

Tudo tem seu tempo e sua hora !

Creio!!!

2021 - Ano novo inesquecível


 

Natal 2020 -Inesquecível


 Nossa força está em nossas ações!

Nosso poder nas nossas orações!

Nossa alegria está em sabermos que temos uma família e muita fé!

Liberdade?


 Não consigo definir como estou.

Se presa nas redes da vida ou aprisionada em meus pensamentos?

A liberdade sempre foi meu lema. Não consigo imaginar a vida sem tê-la. 

Liberdade de ir ou vir.

Liberdade para falar ou de calar-me.

Liberdade de pensar e agir.

Liberdade para sentir, para seguir ou até para desistir.

Liberdade para consumir e para assumir as consequências.

Liberdade de conduzir minha vida, e só e exclusivamente ela de mais ninguém.

Liberdade para me apaixonar e para esquecer se for o caso.

Liberdade para ligar e para esquecer um certo número.

Liberdade para trabalhar.

Liberdade para criar.

Liberdade para sonhar.

Liberdade para chorar  e para seguir todos os verbos que imaginar...

Liberdade!

Essa condição deveria ser obrigatória...

Liberdade para simplesmente caminhar.

Quando se perde a liberdade seja ela do que for sua vida transforma-se.

Você deixa de viver

Você passa a existir.

Você se transforma em mais um.

Ou um número

Ou uma sigla

O preço da liberdade é impagável..

Por isso não devemos perdê-la, tampouco negligenciá-la.

Apenas aquele que sente o gosto amargo da falta de liberdade

Poderá descrever a sensação.

Para mim é inimaginável...

Seja a liberdade de voar, de pensar ou de sair por ai...

Seja forte!

Use a liberdade de resignar-se!

A liberdade de fortalecer!

A liberdade de se arrepender!

A liberdade de falar com Deus em silêncio!

A liberdade de libertar as amarras da hipocrisia, dos julgamentos e dos maus pensamentos.

Só aquele que valoriza todas as formas de liberdade serão capazes de suplantar qualquer obstáculo...

Não seja enredado!

Não se sinta aprisionado!

Liberte-se!


( texto de autor desconhecido)



sexta-feira, 29 de maio de 2020

ISOLAMENTO SOCIAL - PANDEMIA CORONA VIRUS


O ANO 2020
O SÉCULO XXI
O LUGAR: BRASIL

Pandemia do Corona Vírus.

Mais de 300 mil pessoas mortas em todo o mundo.

Não temos para onde escapar, não podemos fugir para nenhum outro lugar.
Devemos ficar em casa. Isolados.
Devemos usar máscaras.
Devemos higienizar bem as mãos com Álcool em gel 70%.
Crianças não podem ir às escolas. Aula virtuais.
Não podemos viajar.
Não podemos ir aos shoppings.
Não podemos ir aos restaurantes.
Não temos em quem confiar: Presidente da República inconsequente, irresponsável.

Sigo trabalhando.


O mundo está em prantos.

Os idosos morrendo.


Não consigo descrever aqui o que estou sentindo..

Passei apenas para deixar o registro de que há 2 meses o Brasil está atravessando por essa pandemia.


Estou estressada. Triste.




domingo, 19 de abril de 2020

Carta para Alice


Salvador, 19 de abril de 2020.


Alice,

Perdoe-me a ousadia em te escrever sendo que não nos conhecemos pessoalmente. Porém, sempre que leio alguma coisa que você escreve sinto que estivesse escrevendo para mim e acredito que por essa razão acabei criando um laço imaginário de intimidade e afetividade com você.
Não quero roubar seu tempo e nem pretendo que me responda esta carta. Imagino o quanto deve ser uma pessoa ocupada, mas precisava conversar com alguém capaz de me compreender e foi então que decidi escrever-lhe.
Alice trago como minha companheira uma angustia de longos anos. Uma angustia sem muitas explicações lógicas ou reais eu diria, mas são verdadeiras, intensas e que me causam sofrimento. Um sofrimento contido e reservado, não permito a ninguém que o invada, tende resolver e nem sequer o compartilho.
Eu adoraria escrever-lhe à mão, postar nos correios e aguardar ansiosamente por um retorno postal. Entretanto, os tempos são outros e a modernidade não nos permite tanta nostalgia. Sendo assim o que me resta é render-me as duras teclas de um teclado barulhento, com um ruído tão operacional que me rouba o silêncio, ingrediente essencial aos sonhadores e aqueles que gostam de ouvir seus pensamentos fluírem enquanto escrevem. O único som que gostaria de escutar enquanto transcrevo meus pensamentos e sentimentos poderia ser o do silêncio. Em último caso sons do vento, da brisa ou do mar, jamais esse ruído incomodo de um teclado frio de computador.  Resolvi exercitar meus ouvidos a sentir com menos intensidade os ruídos das teclas bailando, e assim tenho transformado esse incomodo em um som chamado: produção. E isso tem me facilitado atravessar a tormenta emocional que venho passando. A tormenta que me trouxe a inércia e a total paralisação na arte de me expressar através da escrita, de sentir através da leitura e de amar através do amor.
Voltando a angustia. Bem Alice, não saberia como explicar, mas tentarei com as últimas palavras que me restam de lógica e sensibilidade te levar comigo através dos pensamentos aqui expostos para que você analise, e me de um parecer, sobre o que causou essa angustia, quando e onde e que me sugira onde posso deixá-la, a fim de que eu possa caminhar nas letras, nas palavras, no encantamento e na arte de sonhar e fazer sonhar aqueles que viajarem comigo através dos símbolos e signos de uma boa leitura.
Há alguns anos não sinto que ler é algo que me mova ou que me entusiasme. Simplesmente não encontrei em livros palavras que causem a minha vontade de seguir adiante, lendo, interpretando, sentindo e me divertindo. A sensibilidade de ler um bom livro e ter a capacidade de viajar em suas histórias foi interrompida. Não sinto mais prazer. O prazer da leitura tão dito em versos e prosas se apagou de vez dentro de mim. Os livros empoeirados apenas servem de enfeite na minha estante. Lado a lado, estão todos calados. Silenciado por mim.
E qual a razão? A falta de credo? A falta de imaginação? A falta de paciência? A falta de amor? Poderia ser qualquer uma dessas razões, porém sinto que é alguma coisa mais profunda. Eu simplesmente estou desacreditada dessa arte. Os livros de ficção, os romances, os épicos , todos eles não me comovem mais, por que a minha consciência está além de aproveitar os devaneios de uma leitura com sua completa irrealidade e rodeada de muitos propósitos surreais. Começo a leitura e logo me angustio, me perguntando aonde aquilo tudo vai me levar. E não encontrando respostas, simplesmente a abandono. Dos livros de auto-ajuda, não vou nem comentar. Até as disposições dos livros nas livrarias tem me causado mal estar. Eles estão dispostos por quem pagar mais, e não por serem Best-Sellers, ou uma boa indicação de leitura. Então penso e as biografias? Você pode me perguntar. Tudo bem era alguma mais próxima da realidade que mereceria minha disponibilidade e meu tempo de dedicação, como por exemplo, e não dependeria de indicação. Conhecer a vida de alguma personalidade ou alguém que eu admirasse muito mais profundamente. Mas, quem? De quem sou fã? Quem eu admiro? Nada, outro vazio angustiante. Nesse momento, lembrei de minha mãe, ela diria Jesus Cristo. Sim, eu o admiro, só não consigo me pautar em milhares de versões de fatos e histórias para falar Dele. Por isso, prefiro conhecê-lo com minha fé. E isso me basta.
Enfim Alice, preciso de sua ajuda. Já li muitos livros interessantes, porém não consigo sequer me lembrar os títulos, fazer alguma citação inteligente sobre um fato marcante desses livros. Não consigo compreender porque estou assim, me tornando assim. A leitura já foi meu refúgio, já foi meu passaporte para longas viagens. A leitura já me fez companhia em muitas e muitas ocasiões. Por isso não entendo em que momento da minha existência eu me perdi de mim mesma, da minha essência. Percebo que fui esfriando meu senso de sentir. Meu olhar sensível foi se perdendo e ficando em seu lugar um olhar duro para muitas coisas. Um olhar crítico algumas vezes, e muitas vezes a necessidade de guardar e manter o que sinto e penso a fim de não magoar ou causar danos irreversíveis em meu convívio social. Por que me tornei ácida, tóxica, desacreditada da beleza das palavras, dos devaneios dos poetas, das viagens insólitas?
Esses questionamentos me perseguem e me castram, todas as vezes que tento virar essa chave e me conectar à minha essência.
Alice, só você pode me ajudar. Responda-me. Apoie-me. Como fazer para que você se conecte novamente ao meu imaginário. Ao mundo ilusório. Ao universo dos sonhos. À vida de viajante das letras. (?).
Teria sido o amor? O amor que senti e sinto e que não está em plenitude. Teria sido ele o causador desse total desatino de recepção ao inconsciente e profundo de minha alma?
O amor que tanto me moveu está me estagnando. O amor que me rejuvenesceu está me fazendo parar envelhecida no tempo.
Alice, Alice!!! Clamo por sua ajuda!!! Procure no seu maravilhoso mundo essa mulher que fui um dia e me resgate de volta. Ajude-me a emergir desse buraco que me enfiei. Não. Eu não caí por acidente, eu me joguei. Eu cansei, desisti e me joguei pensando que poderia mergulhar, mas eu estava enganada ele, o buraco, não tem fim e eu não estou chegando a lugar nenhum.
As razões são essas em te escrever Alice. Não sei o que poderá fazer por mim, mas sei que só você poderá me ajudar.

Márcia Santos


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Das águas


Sim, o peixe que vem das águas,
traz com ele um tracejar
com sua malemolência
dançando pela correnteza
desejando ir para o mar
Mas rio é sua morada
que lhe resta conformar
Cansado de tanta espera
decidiu foi respirar
e que se respira aqui
em mar  há de respirar.
Forte peixe corajoso
que  nada e vai 
para o mar
que vai mais longe
no desejo de alcançar
águas calmas, águas claras
com tempero do salgar
Pobre peixe aventureiro
nem para o rio pode voltar.
Bravo peixe corajoso
que ousou em arriscar
nada para rio
nada para o mar
O importante é não parar de tentar.
(a. Ventura)



quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Eu sou a piloto da minha vida!



Eu sou capaz de decidir
Eu sou capaz de escolher
Eu sou capaz de acertar
Eu sou capaz de errar
Eu sou capaz de reconhecer
Eu sou capaz de me desculpar
Eu sou capaz de me animar
Eu sou capaz de me estimular
Eu sou capaz de agir
Eu sou capar de parar
Eu sou capaz de ir
Eu sou capaz de ficar
Eu sou capaz de amar
Eu sou capaz de doar
Eu sou capaz de ser
Eu sou capaz de estar
Eu sou capaz de perdoar
a mim e aos outros
Porque sou eu quem piloto e comando a minha VIDA!

Márcia Santos
Campinas/2020 - Silva4

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Sou parte da natureza



Parte da raiz
parte do ar
preciso do sol
preciso da
água

Posso brotar
Multiplicar
posso sentir
agradar e
ferir

sou furacão
e
calmaria

Sou flor,
folha e tronco
Sou amor

Transmito paz
respiro beleza
Sou parte da natureza

Alice Ventura.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

EU


Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...

Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Sou a que chamam triste sem o ser ...
Sou a que chora sem saber porquê ...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Vou ali! Volto já!


“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.

Clarice Lispector

Beco do Batman - Respirar Arte


Quando se pensa em viajar se pensa logo em  descobertas - pelo menos é assim que eu penso!
E a descoberta que fiz em SP desta vez foi conhecer e passear pela Via Madalena, famosa pela boemia - mas não era só isso que queria conhecer.  Eu tinha outra curiosidade por lá que era de conhecer um beco onde vários artistas criavam e expunham suas artes em muros, escadas, bancos, calçadas, bueiros etc. O famoso beco do Batman. Curti muito e achei o lugar muito tranquilo e com segurança para perambular. Várias a várias obras de grafiteiros dignas de museus. Gente bonita e descolada passeando, fotografando, posando e se entretendo.  Pura arte!






Cada dia mais eu penso em como me comporto neste mundo atual. Eu gosto tanto de coisas que talvez uma mulher da minha idade (51) não dê tanto valor. Mas eu confesso dentro de mim existe muito mais que convenções e padrões a seguir. Eu gosto do diferente e do inusitado. Eu gosto de gente. De ouvir e ver gente em seus diferentes habitats. 
E passear sozinha muitas vezes me proporciona encontros, bate papos, conhecimentos e experiências que normalmente não teria se estivesse acompanhada. Por isso, muita gente estranha o meu gosto por estar só algumas vezes, porque junto é bom, mas só pode ser ainda melhor.
E isso não tem nada a ver com solidão.



Meu nome é Márcia e eu vim neste mundo para ser feliz!