sábado, 15 de março de 2014

Variações



(...)
 Algumas vezes caminhamos de salto alto mesmo estando diante de alguns tropeços, revezes e decepções e mesmo assim sempre poderemos enxergar um caminho, uma luz ou uma saída. O amor e a inocência podem nos conduzir a lugares incríveis dentro de nós mesmos. Ou até quem sabe simplesmente nos apegarmos a um dedinho de esperança para acreditar que sempre haverá - é certo o passado e o futuro –  o presente que é o que realmente importa.
A liberdade está em nossa frente, no mar, no vento, no tempo.. nas páginas de um livro em que viajamos para onde bem desejarmos, ou na dança, nos sonhos. A liberdade está em escolhermos um caminho de flores azuis, verdes e esperança. A liberdade está em nós, na inocência do instante, na brincadeira da criança, nas conversas sem compromisso das meninas levadas. Escrevo, escrevo em busca de uma liberdade que insiste em se manter nas entrelinhas dos meus pensamentos, nos segredos do meu olhar sobre o mundo. Escrevo porque é mais caprichoso que falar ou outra forma de tocar.
Caminho perdida em fatos e frases que chegam ao meu pensamento com a rapidez do piscar. Não dou conta de transcrever o que se passa em mim. Carrego flores e balaios de sentimentos aos montes e sempre encontro uma forma leve de transportar, de transferir sem me sufocar com a sensação de extravasar. As palavras chegam a mim como água que vem para regar os caminhos ressequidos pelo tempo, pelo esquecimento. Nestes caminhos brotam sementes de esperança de que um dia toda a enxurrada de emoções que eu conseguir transcrever mantenha para sempre úmido e fértil meus campos e sentimentos. A leveza do que era seco e rígido poderá então ser novamente transformada em luz, esperanças, companheirismo e interiorização do ser único que sou e que me tornei.

O amor que penso e que não escrevo é o amor contemplativo. O amor do olhar além do egoísmo, do olhar além de nos mesmos. O amor que é simbolizado pela essência da flor. Embelezado pelo seu néctar mais sutil. O amor que só as borboletas, seres transformadores e efêmeros podem descobrir, sentir e amar.
O amor é livre para transformar e não para moldar. ( Alice Ventura - Variações/2013)
 
 

Nenhum comentário: